05 novembro, 2025

Banda desenhada

 

Banda desenhada

Hoje tenho a tarde por minha conta.

Tarde chuvosa, as folhas acentuam a alopecia das árvores, uma poltrona em espaço aquecido, a hora mudou, uns blues de musiquinha de fundo e um livro do Asterix à minha espera: “Asterix na Lusitânia”.

Entrei para o mundo da leitura pela porta da BD e é sempre bom voltar.

Investi muitas horas a ler BD, sou daquelas que colocava a revista de BD no meio dos livros escolares e fingia estudar, quando a minha mãe espreitava para vigiar o que eu andava a fazer. 

Mais tarde como professora de Artes Visuais, explorei muito essa área com os meus alunos. Parecia motivante, os alunos aderiam muito bem a estas actividades, mas rapidamente descobriam que é uma das formas de comunicação mais difíceis. É considerada a 8.ª arte. O resultado é brutal, porém o processo construtivo é extremamente complexo.

É necessário conhecer toda a linguagem própria da BD, ter uma narrativa interessante e apelativa, dividi-la por partes, criar um guião ou um roteiro, articular as partes com desenhos, criar diversas pranchas (páginaa), organizar tiras e vinhetas, com geometria e regras de composição já interiorizadas.

De seguida é necessário fazer diversos esboços para serem seleccionadas as personagens que entram na narrativa, para se desenhar no interior de dada vinheta; inventar os planos, os cenários, planear os espaços para os cartuxos, as legendas, e os balões. Decidir se há narrador ou não…

Tudo deve estar perfeitamente em sintonia, o texto e a imagem sofrem constantes avaliações, correcções ou adaptações. Depois tem de haver a habilidade de desenhar cada personagem com o mesmo rosto, corpo e vestuário nas diversas vinhetas. É necessário escrever o texto alinhado na horizontal e integrado à forma de cada balão, desenhar onomatopeias e signos cinéticos, que dão som e movimento à narrativa, prendendo a atenção do leitor.

Depois de tudo vem a cor, com uma simbologia própria capaz de gerar emoções, e contrariar a monotonia de cada tira ou prancha.  

Finalmente é preciso o leitor ler, gostar, criar empatia imediata e ultrapassar o gostar; é necessário criar um vínculo com o leitor, para que volte, leia outra vez e entusiasme os amigos a ler também. O leitor não se pode cansar a ler BD, se isso acontecer ele abandonará o livro e não voltará mais.

A BD nasceu por volta dos anos 30 do século passado, inicialmente impressa depois digital. Pode ser uma simples tira, uma página inteira, uma revista ou um livro. Inicialmente, quando tudo era desenhado manualmente, envolvia sempre grandes equipas para concretizar tão grande empreitada. A tecnologia simplificou muitas tarefas. Se um livro é difícil de executar, uma BD é muito mais difícil.

A BD é uma das maiores artes de comunicar. Contam histórias de forma visual e emocional, criando uma conexão forte com os leitores. A ilustração oferece uma experiência visual única, há diversos géneros e personagens inesquecíveis e integram aquilo a que se chama a cultura popular.

Quero aqui deixar homenagem a todos os autores que animaram a minha geração, e são muitos, desde os livrinhos de cowbois à Disney, e deixando a indicação para os mais novos leitores, Tintins, Mafaldas e Asterix são imperdíveis.

Publicado em NVR, 05/11/2025

"ONDE VAIS?" - Bárbara Bandeira



https://voca.ro/1mcct9ntjpc4

Voz: Anabela Quelhas

file:///E:/radio/audio/149%20-%20onde%20vais%20-%20barbara%20bandeiraa.mp3

Música: Carminho

https://www.youtube.com/watch?v=gIP1hwTJOvs



 

31 outubro, 2025

HALLOWEEN 25


 Esta semana foi uma semana de tristeza e dor, nem ousamos combinar algo para nos divertir no Halloween. Cada um está com o seu luto, triste, decepcionado com a vida, sem disposição para rir, a reflectir sobre a nossa pequenina dimensão. Relativizar os problemas acho que é o caminho, aguardemos melhores dias, porque a vida é um sopro. Beijinhos.

"DA MINHA ALDEIA VEJO QUANTO DA TERRA SE PODE VER DO UNIVERSO! - Alberto Caeiro heterónimo de Fernando Pessoa


 "DA MINHA ALDEIA VEJO QUANTO DA TERRA SE PODE VER DO UNIVERSO! - Alberto Caeiro heterónimo de Fernando Pessoa

https://voca.ro/17lb2aC5Nosl

Voz: Anabela Quelhas

file:///E:/radio/audio/147%20-%20Da%20minha%20terrra%20vejo%20-%20alberto%20Caeeiro%20Fernando%20Pessoa.mp3